É o Seu Contexto que o Torna Rico

Ainda hoje a cultura do Novo Pensamento, que prega o poder da mente como fonte de sucesso, se faz presente em muitas técnicas empresariais de destacamento profissional e mesmo enriquecimento material, quase sempre voltado ao status quo, ou seja, à conquista do casarão, carro importado ou de luxo, família margarina, férias paradisíacas etc. No fundo, a ideia é uma vida que dispensa o trabalho, como se o sucesso fosse viver de rendimento do capital (rentistas herdeiros). Isso é falta de conhecimento de como funciona o mundo. De acordo Francisco Rüdiger em seu livro Literatura de Auto-Ajuda e Individualismo, 1995 (p. 72):

O Novo Pensamento, verdadeiro movimento de auto-ajuda, foi um fenômeno cultural de classe média, apoiado por formidável máquina de ensino e propaganda, que propunha a desenvolver o chamado potencial humano e se originou da reinterpretação pragmática dos conceitos mentalistas postos em circulação no final do século passado por uma série de filósofos populares e publicistas, na esteira do surto de religiões mind-cure verificado no mesmo período. O programa pretendia, em resumo, difundir os segredos do sucesso,  da saúde mental e da realização pessoal entre a população, ensinando como fazer da relação consigo mesmo (o self) o campo de aplicação prática de um conjunto de técnicas subjetivantes, baseadas no suposto poder da mente.

Uma das fontes mais conhecidas de desenvolvimento do poder da mente para uma vida milionária, certamente, é Napoleon Hill autor do livro Pense e Enriqueça, entre outros. De certa forma, uma interpretação e conclusão que muitos chegam é bastante daninha, assimilando-se à mente Jedi de Star Wars. Sem uma devida moral estes conhecimentos engendram verdadeiros sociopatas que acreditam terem o direito absoluto à vida desejada ou mentalizada – custe o que custar. Ignoram qualquer política, voltando-se para si mesmo, e se considerando o único responsável pelo sucesso.

Pergunta [o discípulo]: “Ó Tathagata [Buddha], meu Senhor, ensina-me riddhipada (o modo de alcançar poder mental sobre a matéria).”
Disse o Bem-Aventurado [Buddha]: “Há quatro meios pelos quais se adquiri riddhi (domínio do espírito sobre a matéria):
  1. Impedir que surjam más qualidades;
  2. Despojar-se das más qualidades já surgidas;
  3. Produzir a bondade que ainda não existe;
  4. Buscai com sinceridade e perseverai em vossa busca. Ao final encontrareis a Verdade.”
(Assim Falou Buddha, download)

O verdadeiro poder da mente é a inteligência, isto é, o discernimento. Originado do latim INTELLIGENTIA, de INTELLIGERE, “discernir, compreender, entender”, formado por INTER-, “entre”, mais LEGERE, “escolher, separar” (Origem da Palavra). Atualmente, este conhecimento é tratado como PNL – Programação NeuroLinguística – que não se trata propriamente do Poder da Mente mas de Mindset (Configuração Mental). Não é a crença e o desejo que nos conduzirão ao sucesso e sim o estabelecimento de metas, com planos de ações capazes de concretizar os objetivos almejados (dentro da Lei).

Como ensina Robert Kiyosaki é o seu contexto que o torna rico, não o dinheiro”. Assim, é necessário tornar-se uma pessoa com qualidades reconhecidas positivamente pela sociedade, configurando a mente de modo a agir dentro dos padrões aceitos. Requer uma dose de autoconhecimento, sabendo, em primeiro lugar, onde se encontra para poder se corrigir, se alinhar. Claro que não se trata de teoria, mas de encontrar dentro de si primeiro os valores correspondentes à vida a ser vivida, merecer primeiro, e agir de forma correta. Em outras palavras, você precisa de bons amigos e ser, antes de tudo, um bom amigo.

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